TRAUMAS – A importância de Ressignificar as Cicatrizes Emocionais
Quando algo acontece com uma intensidade muito pesada em nossas vidas, ainda que não deixe uma cicatriz física, nos vemos diante de um trauma ou uma cicatriz emocional. O nosso grande desafio é revisitar esses momentos traumáticos em nossas vidas e encarar nossas emoções.
Tudo aquilo que não encaramos, nos aprisiona - Bert Hellinger

Quando você olha para o seu corpo, vê algumas cicatrizes.

Cada uma delas está ligada a um fato que, efetivamente, aconteceu. Uma cicatriz é uma marca de um acidente que ocorreu em um determinado instante na sua linha do tempo.

É um marco que representa o futuro de um momento que ficou no passado.

O fato não pode não ter existido. Ponto. Independente de você querer, gostar, achar, refletir ou refutar, ele aconteceu e pronto.

A não ser que você seja um roteirista de Hollywood, não tem como voltar no tempo ( pelo menos com a atual tecnologia existente ) e evitar que um fato ocorra.

No entanto, para cada fato que acontece em nossas vidas, invariavelmente, nós atrelamos uma determinada carga de emoção.

Ao olharmos para uma cicatriz causada por determinada queda da bicicleta, “revivemos” aquela situação de forma leve, moderada ou intensa. Marejamos nossos olhos ao lembrar do quão doloroso foi aquele momento, contamos o fato a alguém sem muita riqueza de detalhes ou palpitações, pois o fato não fora tão marcante para nós, ou abrimos um sorriso ao lembrar que foi por causa daquela queda que conhecemos o amor da nossa infância.

Quando algo acontece com uma intensidade muito pesada em nossas vidas, ainda que não deixe uma cicatriz física, nos vemos diante de um trauma ou uma cicatriz emocional.

Um trauma pode ser consciente ou inconsciente.

O trauma consciente é aquele que nos faz chorar, gritar, silenciar, adoecer e até nos punir, quando vem à tona, seja olhando para uma cicatriz, encontrando alguém que fez parte da cena ou revivendo nossas próprias memórias e que nós temos consciência do que aconteceu, do fato que nos deixa tão frágeis emocionalmente.

Já o trauma inconsciente, também nos faz chorar, gritar, silenciar, adoecer e nos punir. A diferença é que não sabemos o porque daquele transbordamento de emoções. Não temos ideia de quais os gatilhos que nos fazem “reviver” as sensações pesadas que o momento nós causou e nem sequer lembramos de qual foi o momento em si que aconteceu. O nosso cérebro, simplesmente bloqueia o nosso acesso consciente à determinados fatos traumáticos.

O nosso grande desafio é revisitar esses momentos traumáticos em nossas vidas e encarar nossas emoções.

Bert Hellinger diz que “tudo aquilo que não encaramos, nos aprisiona“. Logo, enfrentar nossos medos, nossas angústias e nossos traumas, pode ser difícil, mas, é igualmente libertador.

Uma vez diante de um trauma consciente ou de um trauma inconsciente que veio à tona, podemos, através de processos terapêuticos, separá-lo da emoção que, até então, está atrelada ao fato.

Ao revisitar um determinado momento marcante das nossas vidas, podemos falar sobre como nos sentimos e aprender sobre as nossas emoções.

Isso é altamente terapêutico e curativo. Com o tempo, iremos conseguir olhar para o fato de um novo ângulo, com um outro olhar, de um novo jeito, o que acabará influenciando as nossas emoções e nos ajudando a ressignificar aquele momento em nossas vidas.

Em um determinado momento, após a vivência dos processos terapêuticos, ao revisitarmos o mesmo fato que tanto nos angustiava, iremos perceber que já não dói tanto, que já não nos incomoda como incomodou um dia.

Olhar para determinadas cicatrizes e encarar nossos traumas é fácil? É difícil?

Para todo fato, existe uma carga de emoção atrelada. Seja positiva ou negativa, consciente ou inconsciente, cada carga de emoção é atrelada a um fato por nós mesmos. Sendo assim, essa energia também pode ser modificada por nós.

É claro que o êxito nesse processo depende de inúmeras variáveis, mas, de uma coisa podemos ter certeza: se queremos mudar algo em nossas vidas e estivermos motivados o suficiente, conseguiremos encarar qualquer barreira, antes intransponível, como um obstáculo a ser superado.

E o resto é apenas questão de tempo, dedicação, aceitação, acolhimento e ressignificação.

O importante não é aquilo que fazem de nós, mas, o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.

( Jean-Paul Sartre )

Tecnicamente, uma cicatriz, seja física ou EMOCIONAL, não muda de forma e continua sendo “a mesma” cicatriz de outrora.

Porém, ao mudarmos nosso olhar sobre essa mesma cicatriz, tudo se transforma. A cicatriz já não é a mesma, pois, seu significado agora é outro.

E aquele ícone de dor, que já representou tanto sofrimento, que já foi escondido por motivo de vergonha, passa a ser um novo marco em nossas vidas, símbolo do aprendizado que nos fez crescer e evoluir

A cicatriz ‎agora pode até ser exposta sem medo, quem sabe até com orgulho, já que nos fez aprender e pode ser útil para ajudar alguém que esteja passando por algo semelhante.

A dor é inevitável, mas, o sofrimento, esse sim é opcional.

A cicatriz é um fato em nossas vidas. Mas a carga emocional, a energia a ela atrelada, pode e deve ser ressigificada. Não precisamos carregar o peso de algo que já não faz mais sentido em nossas vidas. Se faz você se sentir bem, faz sentido. Caso contrário, deixe o peso das dores, angústias, lamentações, culpas e remorsos pelo caminho e sejamos, dia após dia, mais leves em nossa caminhada…

 

 

Pedro Cordier

CONTEÚDO MAIS RECENTE DO PROFESSOR PEDRO CORDIER SOBRE COMUNICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL
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